domingo, 4 de maio de 2025

Toque em Homenagem a Ògun no Ilê Odé Erinlé Reúne Fé e Resistência em Águas Lindas de Goiás

                        Por Ògan Assogbá Luiz Alves PROJETO ONÍBODÊ

Águas Lindas de Goiás – No último sábado (03/05), o Ilê Odé Erinlé, terreiro dirigido por Pai Ricardo de Oxóssi, foi palco de um toque carregado de axé em homenagem a Ògun Orixá guerreiro da metalurgia, tecnologia e justiça. O evento reuniu pais e mães de santo de Águas Lindas, Brasília e regiões vizinhas, fortalecendo os laços da comunidade afro-religiosa em um momento de celebração e resistência.  

A Força de Ògun e a Irmandade com Oxóssi

A escolha do terreiro de Oxóssi para homenagear Ògun não foi aleatória. Na mitologia iorubá, os dois orixás são irmãos e suas energias se complementam: enquanto Ògun domina a tecnologia e a guerra, Oxóssi é o caçador que sustenta a comunidade, simbolizando a fartura e a astúcia . O próprio nome do terreiro, Erinlé, remete a uma das qualidades de Oxóssi, associada à caça de elefantes e à proteção das florestas . 

O Evento: Energia, Emoção e Jovialidade

Sob a condução de Pai Alan de Ogum, responsável pelo axé da casa, os Ogan lideraram os cantos e ritmos que invocaram a presença de Ògun. O momento mais emocionante ocorreu quando uma criança incorporou Logun Edé, Orixá jovem da caça e dos rios, trazendo alegria e simbolizando a continuidade das tradições. "Foi como ver o futuro da nossa religião dançando no presente", relatou uma frequentadora do terreiro.  


Presenças Ilustres e Luta por Direitos

Destaque para a participação de Tata Uã, filósofo, professor da Universidade de Brasília (UNB) e ativista pelos direitos das religiões de matriz africana. Em conversa com Assogbá Luiz Alves, ele reforçou a importância de eventos como este para combater a intolerância religiosa: "Cada toque é um ato político. Estamos aqui para mostrar que nossa fé vive e resiste, mesmo em cidades como Águas Lindas, que enfrentam desafios socioeconômicos" .  

Águas Lindas, quinto município mais populoso de Goiás, é marcada pelo crescimento acelerado e pela falta de infraestrutura, mas abriga uma comunidade religiosa vibrante. O terreiro de Pai Ricardo, por exemplo, torna-se um espaço vital de acolhimento e cultura em meio a essas adversidades .  










Encerramento com Sabor e Comunhão

Após o toque, os participantes compartilharam uma feijoada preparada por Ogun Tonã, Makota Clelia Muangangi e  pelas irmãs da casa. O prato, além de simbolizar abundância, reforçou o sentido de comunidade — valor central no Candomblé. "A comida sagrada une corpos e espíritos", explicou Pai Ricardo, lembrando que, na tradição, cada ingrediente carrega um significado ritualístico.  


De





Axé a todos que mantêm viva a chama dos Orixás!

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terça-feira, 29 de abril de 2025

Tarde do Acarajé reúne religiosos, autoridades e comunidade em defesa da cultura e dos territórios afro-religiosos no DF



Por Ògan Assogbá Luiz Alves/PROJETO ONÍBODÊ

Fotos: Jéssika de Ogun/GRÃOS DE DENDÊ FOTOGRAFIA

No último sábado, o Ilê Asé Magbá Biola, em Arniqueiras-DF, foi palco de um importante encontro de resistência e celebração da cultura religiosa de matriz africana: a Tarde do Acarajé . O evento uniu tradição, denúncia e arte, com destaque para debates sobre os desafios enfrentados pela comunidade afro-religiosa no Distrito Federal e Entorno.

O dia começou com uma mesa-redonda composta por lideranças religiosas e representantes de entidades governamentais e de movimentos de defesa da comunidade afro-religiosa , que discutiram a violação de direitos, o preconceito estrutural e o racismo institucional enfrentado pelas Comunidades Tradicionais de Matrizes Africana e Povos Originais. Um dos principais temas abordados foi o caso do processo licitatório da Nova Cap em relação às casas de Mãe Elvira da Oxum, Mãe D’Jé e outras casas que compõe o processo de legalização de seus espaços, que reflete uma postura contraditória e desrespeitosa por parte do Governo do Distrito Federal (GDF).

Foi destacada a diferença na forma como o governo trata igrejas cristãs em comparação com os espaços sagrados das religiões de matrizes africanas. A ameaça de demolição do terreiro de Mãe Elvida , para construção de um parque, serviu como exemplo alarmante dessa política de descaso e perseguição religiosa.

Ainda durante o debate, surgiu o apelo à união entre os povos de santo . Os presentes reforçaram a necessidade de fortalecer parcerias e romper divisões internas, diante de um cenário de crescente intolerância e ataques aos símbolos culturais e religiosos.

A parte cultural e comercial também teve destaque. A feira de artesanato, roupas de santo, acessórios e comidas típicas – como acarajé, abará, nhoque, caruru, vatapá e a famosa marmitinha com molho especial – atraiu olhares e sabores da ancestralidade. Além disso, houve espaço para falar sobre fitoterapia , resgatando o conhecimento das plantas sagradas usadas nos rituais, banhos e limpezas, lembrando a importância dessas práticas como patrimônio imaterial da nossa cultura.

Como ponto alto da tarde, se apresentaram o Grupo de Samba de Roda Mirim , do Ilê Axé Cetomi, dirigido por Mãe Elvira da Oxum, e o grupo Axé Dudu , que envolveram o público em cânticos e batuques tradicionais, transformando o evento em uma verdadeira celebração da identidade negra e religiosa.

A Tarde do Acarajé nasceu como um ato de resistência e agora se firma como um chamado à união, à valorização dos saberes ancestrais e à luta por reconhecimento e respeito. O sonho de tornar o Ilê Asé Magbá Biola um Ponto de Cultura desponta como um caminho possível rumo à preservação e visibilidade dessa rica herança.

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domingo, 27 de abril de 2025

Yábassé um espaço com o gosto da Bahia.

 

Por Ògan Assogbá Luiz Alves PROJETO ONÍBODÊ 

Neste domingo estivermos no espaço Yábassé, um espaço com o gosto da Bahia. O Paranoá Park ganhou um tempero especial com cheiro de dendê no ar. O quiosque Yábassé comandado por George Obará e sua esposa Laila é um encontro de quem traz a negritude e o paladar em sua vida. Um acarajé frito na hora com o tempero da Bahia e das tradições da culinária baiana. O espaço abre de quinta a domingo, sendo que no domingo a tarde pra quem quiser estudar o ritmo do axé tem uma oficina percussiva com o Grupo Obará. Um espaço amplo e pode levar seus filhos que as crianças do quiosque se encarregam do entretenimento. Um espaço afro aberto a todas as raças.

INFORMAÇÕES:

61 9578-1264





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Festa em Louvor ao Boiadeiro Seu Zé Mineiro no Ilê Axé Obá OMIM Une Fé, Alegria e Tradição em Planaltina de Goiás

 

Por Ògan Assogbá Luiz Alves ONÍBODÊ O PORTEIRO

Planaltina de Goiás, 26 de abril de 2025 — Sob o céu nublado e a promessa de chuva, o Ilê Axé Obá OMIM respirava devoção desde o amanhecer. A casa de Pai Toninho da Oxum preparava-se para um momento sagrado: o toque em homenagem ao Boiadeiro Seu Zé Mineiro, entidade conhecida por sua força, sabedoria e generosidade. A energia do dia já anunciava uma noite de axé intenso, espiritualidade e gratidão.  

Preparação: O Coração da Casa em Movimento

Desde as primeiras horas, filhos e filhas de santo dedicaram-se com zelo aos preparativos. A cozinha, sob orientação das "mãos que alimentam o sagrado", exalava aromas das delícias do axé, entre elas farofa e doces caseiros — oferendas culinárias que unem o terreiro em comunhão. Enquanto isso, outros cuidavam da limpeza do espaço, enfeitando o barracão com flores, fitas coloridas que reverenciavam não apenas Seu Zé Mineiro, mas toda a linha de Boiadeiros, Caboclos e entidades da cultura afro-brasileira.  



A chuva que caía forte à noite não intimidou os convidados. Como verdadeiros filhos de fé, chegaram de várias regiões de Planaltina, Brasília e arredores. "O Boiadeiro é firmeza, é caminho aberto. Quem vem pra ele sabe que a chuva limpa e purifica", comentou uma filha de santo, enquanto ajustava o turbante antes do ritual.  

O Ritual: Agradando a Exú para Abrir os Caminhos

Sob a liderança de Pai Gleisson de Omolú, o toque iniciou-se com os pontos cantados para Exú, guardião dos caminhos e mensageiro entre os mundos. Ao seu lado, Pai Valterlino de Logun Edé e Pai Wendel de Oxumarê trouxeram a força de seu Axé, harmonizando a energia do espaço. "Sem Exú, não há festa. Ele é o primeiro a chegar e o último a sair", lembrou Pai Gleisso, enquanto os atabaques ecoavam no terreiro, chamando a atenção das entidades.  

Após as saudações iniciais, o evento migrou para a área externa, onde o grande homenageado da noite receberia suas louvações. Palmas ritmadas, cantos e o som dos atabaques anunciavam a chegada de Seu Zé Mineiro, incorporado por Pai Toninho da Oxum. Vestido com chapéu e suas paramentas simbólicas, o Boiadeiro cumprimentou cada presente com sorriso largo e palavras de incentivo. "Agradeço a todos que vieram, mesmo debaixo d’água! Quem tem fé não teme tempestade", bradou, arrancando gritos de "Salve!" da plateia.  






Presenças Ilustres e a Força dos Encantados  

A noite ganhou ainda mais brilho com a chegada de Pai Mauricio de Lissa, sacerdote respeitado na região e referência em religiosidade de matriz africana. Sua presença reforçou o elo entre as comunidades de Planaltina e Brasília, celebrando a união em prol da cultura ancestral. Esteve presente também Mãe Baiana de Oyá dirigente do Ilê Axé Oyá Bagã e filhos.

Axé que Alimenta o Corpo e a Alma  

Ao final do toque, os convidados partilharam a comida sagrada, servida com carinho e reverência. Entre histórias de graças alcançadas e promessas renovadas, o sentimento era um só: gratidão. "Seu Zé Mineiro já me ajudou a encontrar emprego e a curar minha filha. Hoje vim pra agradecer e cantar com ele", relatou Maria, uma devota emocionada.  


Conclusão: A Noite que Ecoará no Tempo  

O Ilê Axé Obá OMIM provou, mais uma vez, que a fé move montanhas — e vence até as chuvas mais intensas. O toque para Seu Zé Mineiro não foi apenas uma festa, mas um ato de resistência cultural e renovação espiritual. Como escreveu um filho da casa: "Boiadeiro é raiz, é chão batido, é o galope que nunca para".  


O blog ONÍBODÊ O PORTEIRO honra-se em registrar e celebrar essas tradições, que mantêm viva a chama da ancestralidade. Que Seu Zé Mineiro continue abrindo estradas e protegendo seus filhos, até o próximo encontro no terreiro!  


Axé a todos!

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