Por Ògan Assogbá Luiz Alves PROJETO ONÍBODÊ
Águas Lindas de Goiás – No último sábado (03/05), o Ilê Odé Erinlé, terreiro dirigido por Pai Ricardo de Oxóssi, foi palco de um toque carregado de axé em homenagem a Ògun Orixá guerreiro da metalurgia, tecnologia e justiça. O evento reuniu pais e mães de santo de Águas Lindas, Brasília e regiões vizinhas, fortalecendo os laços da comunidade afro-religiosa em um momento de celebração e resistência.
A Força de Ògun e a Irmandade com Oxóssi
A escolha do terreiro de Oxóssi para homenagear Ògun não foi aleatória. Na mitologia iorubá, os dois orixás são irmãos e suas energias se complementam: enquanto Ògun domina a tecnologia e a guerra, Oxóssi é o caçador que sustenta a comunidade, simbolizando a fartura e a astúcia . O próprio nome do terreiro, Erinlé, remete a uma das qualidades de Oxóssi, associada à caça de elefantes e à proteção das florestas .
O Evento: Energia, Emoção e Jovialidade
Sob a condução de Pai Alan de Ogum, responsável pelo axé da casa, os Ogan lideraram os cantos e ritmos que invocaram a presença de Ògun. O momento mais emocionante ocorreu quando uma criança incorporou Logun Edé, Orixá jovem da caça e dos rios, trazendo alegria e simbolizando a continuidade das tradições. "Foi como ver o futuro da nossa religião dançando no presente", relatou uma frequentadora do terreiro.
Presenças Ilustres e Luta por Direitos
Destaque para a participação de Tata Uã, filósofo, professor da Universidade de Brasília (UNB) e ativista pelos direitos das religiões de matriz africana. Em conversa com Assogbá Luiz Alves, ele reforçou a importância de eventos como este para combater a intolerância religiosa: "Cada toque é um ato político. Estamos aqui para mostrar que nossa fé vive e resiste, mesmo em cidades como Águas Lindas, que enfrentam desafios socioeconômicos" .
Águas Lindas, quinto município mais populoso de Goiás, é marcada pelo crescimento acelerado e pela falta de infraestrutura, mas abriga uma comunidade religiosa vibrante. O terreiro de Pai Ricardo, por exemplo, torna-se um espaço vital de acolhimento e cultura em meio a essas adversidades .
Encerramento com Sabor e Comunhão
Após o toque, os participantes compartilharam uma feijoada preparada por Ogun Tonã, Makota Clelia Muangangi e pelas irmãs da casa. O prato, além de simbolizar abundância, reforçou o sentido de comunidade — valor central no Candomblé. "A comida sagrada une corpos e espíritos", explicou Pai Ricardo, lembrando que, na tradição, cada ingrediente carrega um significado ritualístico.
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